terça-feira, 26 de julho de 2011

Engenho e Arte

Em havendo olhos maus, não há obras boas.

Padre António Vieira



Les trois inventeurs, de Michel Ocelot, 1980

terça-feira, 19 de julho de 2011

Manias!

Para assinalar os 125 anos da morte de Cesário Verde:


Manias!

O mundo é velha cena ensanguentada,
Coberta de remendos, picaresca;
A vida é chula farsa assobiada,
Ou selvagem tragédia romanesca.

Eu sei um bom rapaz, -- hoje uma ossada, --
Que amava certa dama pedantesca,
Perversíssima, esquálida e chagada,
Mas cheia de jactância quixotesca.

Aos domingos a deia já rugosa,
Concedia-lhe o braço, com preguiça,
E o dengue, em atitude receosa,

Na sujeição canina mais submissa,
Levava na tremente mão nervosa,
O livro com que a amante ia ouvir missa!

domingo, 17 de julho de 2011

Hardboiled Detective

Neste dia, há 6 anos, morria Mickey Spillane, escritor norte-americano de policiais, um dos mestres da chamada pulp fiction. Spillane também foi piloto de combate na 2ª Guerra, instrutor de voo, escritor de BD e actor - tendo chegado inclusive a representar o seu próprio herói literário - Mike Hammer - no filme The Girl Hunters (1963).
Deixo aqui um clip de Mike Hammer, representado por Darren McGavin, na série televisiva dos anos 50, bastante mais interessante, na minha opinião, do que aquela protagonizada por Stacey Keach, nos anos 80.




sexta-feira, 8 de julho de 2011

30 minutos ou 30 segundos?

Recentemente li um artigo muito interessante no Daily Mail. Versava sobre uma experiência feita no Tate Britain para apurar quais as obras de arte que mais despertavam a atenção do público. Este museu londrino detém uma colecção de arte bastante abrangente, que vai desde o século XVI até à actualidade, e isso tornou-o no palco ideal para um estudo dos padrões de observação dos visitantes - em particular quais as obras que prendiam a sua atenção durante mais tempo.
E estas foram as conclusões: as pessoas gastavam, em média, 5 segundos em frente de obras de artistas contemporâneos conceituados como Damien Hirst ou Tracey Emin, em contraste com vários minutos passados a visionar a arte mais tradicional, de séculos idos. Ophelia, de Millais, foi o quadro que obteve a observação mais longa - 30 minutos - enquanto que Colors, de Damien Hirst, não foi além dos 30 segundos.
Poderemos justificar unicamente estes resultados com a explicação usual de que o homem comum não tem educação nem sensibilidade suficientes para compreender as produções das elites vanguardistas? O Tate Britain, apesar de popular, não é um museu que atraia hordas de turistas, interessados ou não em Arte, como por exemplo, o Bristish Museum. O seu público é, no geral, bem informado. Dá que pensar... aqui fica o artigo para quem o quiser ler e tirar as suas próprias conclusões.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A romântica rebelde

Aurore Dupin, mais conhecida por George Sand, nasceu neste dia, há 207 anos, em Paris. Aclamada por nomes como Balzac, Flaubert ou Lizst, esta mulher das letras procurou sempre viver livre das rígidas convenções sociais da sua época. O seu comportamento e as suas produções literárias e ensaísticas geravam controvérsia. É por demais conhecido o escândalo que causava ao percorrer as ruas de Paris vestida como um homem e a fumar em público.
"Não consigo expressar o prazer que me davam as minhas botas. Com aquelas solas revestidas a ferro, sentia-me firme a andar pelas ruas e corri Paris de uma ponta a outra. Dava-me a sensação de que poderia dar a volta ao mundo. Com aquelas roupas não temia absolutamente nada." -  (em Histoire de Ma Vie).
A sua agitada vida sentimental - ficaram célebres as suas ligações com Alfred de Musset e Frederic Chopin, entre outros - foi condenada pela sociedade. Baudelaire dizia dela: "o facto de haver homens capazes de se apaixonarem por esta prostituta só prova a decadência dos homens desta geração."
De temperamento livre e independente, George Sand escreveu aos seus críticos: "Um dia o mundo compreender-me-á. Mas se esse dia não chegar, não importa. Terei aberto o caminho para outras mulheres."