De um poeta de que muito gosto,
e pai de amigos de quase infância:
E TUDO ERA POSSÍVEL
Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de Maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não sei dizer
Só sei que tinha o poder de uma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
Ruy Belo, Antologia Poética: Cidadão de longe e de ninguém
Curioso deparar-me com este poema aqui e agora!
ResponderEliminarHoje comecei a ler "Ópio" de Jean Cocteau e deparo-me com esta passagem de que gostei em particular:
"O pintor que gosta de pintar árvores,torna-se uma árvore. As crianças trazem em si uma droga natural.(...)
Todas as crianças têm o poder mágico de se transformar no que querem. Os poetas em quem a infância se prolonga, sofrem terrivelmente por perder esse poder. Sem dúvida isto é uma das razões que levam o poeta a empregar o ópio."
Quanto à eleição semanal... bem, nem sei se comente :)
Há coisa de duas horas atrás, coloquei no blog outro excerto do "Ópio" referente a Orfeu , que começa por:"Coincidências à roda de um nome e duma peça"...