sábado, 27 de outubro de 2012

Quatro luzes amarelas

Handset no ecrã
Vermeer encarnado
Busto de Chopin
Café encorpado
Ornatos de borboleta
Bombon giver
Coração de atleta
Tronco de ácer

Texto de Pedro Correia sobre coisa nenhuma

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Recomenda-se

da Arte

Para dar e baralhar
Deitar fogo ao modelo.
Vender a alma ao diabo.
Lançar-se nas águas do seu próprio reflexo.
Resistir ao afogamento.
Seguir vestígios.
Caçar e ser caçado.
Devorar a caça.
Brilhar daquilo por que se é devorado.
Ser um mentiroso, um actor, um fingidor.
Ser o único vivo na terra dos mortos.
Pagar mal as contas, isto é, delapidar.
Manter-se um pedinte.
Perder-se na alta floresta.
que porque morro...
Cito Maria Filomena Molder, para quem estas são formas de obscuridade – a lista é incompleta, com todas as consequências – imanentes à arte, à poesia, à música, que parecem tornar muito problemática a sua relação com a cultura, quando esta se converte em produção industrial.
Ao lê-la aqui de onde estou (em casa sentado na minha poltrona) pergunto-me assim sobre o cinema actual, o que há de canibalismo na indústria?
Antes de morrer, Éric Rohmer disse que o Cinema estava morto.
Quem acredita
Na Ressureição
Feche os olhos
Levante o braço
Diga Eu
Ou Peça
Para Ver
Tocar na ferida.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Desvi(ante)

Paisagem viajante
Por mim passam postes desfocados
Bocados de coisas anónimas
Como ante o tempo lento
Assim eterno indagante

Texto de Pedro Correia, a propósito de "In a landscape" de John Cage



sexta-feira, 5 de outubro de 2012

da Cunha





















Celebra-se também hoje a independência de Portugal obtida no ano 1143 e por causa disso tornava-se também português o meu medieval (nãoseiquantos)avô paterno, D. Paio Guterres da Cunha.
Filho de Dom Guterre (Gut Herr - Bom Senhor), que, oriundo da Gasconha e amigo do conde Henrique de Borgonha, viria à procura de novas oportunidades, Dom Paio, havia de tornar-se cavaleiro próximo do futuro rei Afonso. E graças às suas ideias, não se tem bem a certeza, se para trepar muros intransponíveis ou se para não deixar que o estandarte e armas de Cristo caíssem por terra, assim ficámos para todo o sempre Cunha(dos).
E para sempre também a memória gravada no túmulo de meu pai, Osvaldo da Cunha Correia, nobre cavaleiro da minha alma.



meu Porto de encanto